quinta-feira, 17 de julho de 2008

Bobo nuclear

O Chocrático estava no Chiado a olhar “p’ró Camões” quando viu Vítor Constâncio a sair do Tavares Rico onde, devido à crise que a toda a hora apregoa e ao seu reduzido vencimento mensal de alguns milhares de contos, deveria ter estado a almoçar um rissol e um copo de água. Era a ocasião ideal para o ouvir a propósito da energia nuclear que recentemente veio defender: “Acho sinceramente que Portugal devia encarar a sério a opção nuclear, à semelhança do que fez a Finlândia, aquele maravilhoso país do Norte da Europa que nos deve servir de exemplo para tudo, excepto para a qualidade de vida, para o nível de desenvolvimento, para as políticas de educação e de segurança social, para os vencimentos, para o controle dos dinheiros públicos e para outras coisitas de somenos. Acho que o nosso país, onde os edifícios novos nascem com defeitos de construção e onde os erros de projecto matam pessoas nas estradas, tem plena capacidade para construir uma central nuclear. Enfim, eu só não queria era que ficasse perto da minha casa, não porque não confie na segurança da central, mas porque ela ficava mais bem arrumadinha lá para o Norte de Portugal, no Alentejo ou até no Algarve, mas longe da praia onde eu tenho a minha casa de férias”. Questionado sobre as vantagens de aproveitar antes as energias eólica e solar que abundam no nosso país, contrariamente ao que acontece na Finlândia, Vítor Constâncio elucidou o Chocrático: “Pois, mas eu não conheço ninguém que tenha interesses nesse ramo de negócios e agora desculpem-me que eu tenho ali o motorista à espera há três horas e eu pedi-lhe para deixar o ar condicionado do BMW ligado”.

Arreganha a tacha

Na peugada da taxa “Robin dos Bosques”, o Governo prepara-se para introduzir outras taxas cinematográficas, desta vez dirigidas ao contribuinte comum:
- taxa “Os Três Estarolas” – designação da proposta da ERSE que pretendia repartir os custos das facturas incobráveis de electricidade por todos os consumidores cumpridores
- taxa “Comboio dos duros” – proposto por Mário Lino, é um novo imposto que todos os portugueses vão começar a pagar, desde já, por conta da poupança de 11 minutos nas deslocações entre Lisboa e Porto, quando o TGV começar a circular lá para 2024
- taxa “Assalto ao Aeroporto” - outro imposto que todos os portugueses vão começar a pagar já, por conta das vantagens de disporem de um novo aeroporto a 50 quilómetros da capital
- taxa “Feios, Porcos e Maus” – suplemento no IRS para custear o aumento das reformas dos políticos (que actualmente são muito reduzidas)
- taxa “Ali Bábá e os 40 ladrões” – acréscimo no IRS para custear o aumento das reformas dos administradores do Banco de Portugal (que são ainda mais reduzidas)
- taxa “Pátio das Cantigas” – acréscimo no IRS destinado a financiar obras na Assembleia da República

- taxa “O bando de Jesse James” – aumento de cerca de 0,5% na taxa de IRS que, segundo palavras de Zé Chócrates, é “devida pelos contribuintes por serem governados por pessoas tão brilhantes e esforçadas, que apresentam tão bons resultados”

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Bom aluno

O Chocrático encontrou Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, a comer um pastelinho de Belém e a beber um chá de camomila e teve, com ela, uma conversa muito agradável. A certa altura, no meio da cavaqueira sobre professores, aulas e lições, veio à baila uma frase que Zé Chócrates proferiu em tempos, em que advertia que “que não aceitava lições de esquerda de ninguém”. Quisemos ouvir a opinião da ministra: “Não estranho nada essa afirmação, porque ela não é inédita, sendo até bastante comum a pessoas com determinadas capacidades intelectuais, uma postura muito decidida perante a vida, ideias muito próprias e um reconhecimento firme sobre quem tem, ou não, mais conhecimentos. Posso dizer, e só para citar um exemplo, que nas escolas secundárias de bairros problemáticos há alunos que têm 18 anos e que frequentam o sétimo ano de escolaridade porque também eles, à semelhança de Chócrates, não aceitam lições de ninguém”.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Volta ao mundo em 480 dias

O ministro da Presidência, Silva Pereira, tomou as dores do seu amo – resultantes da entrevista de Medina Carreira à SIC – e já tratou de oferecer ao fiscalista um cruzeiro à volta do mundo, para provar a este que no Governo podem fazer palhaçadas, mas não são rancorosos. Pelo que o Chocrático apurou, a fotocópia de Zé Chócrates só não informou Medina Carreira que o cruzeiro será algo demorado, ocorrendo o regresso a Lisboa só depois das eleições legislativas de 2009. Fontes geralmente bem informadas asseguram que apesar do mau-estar provocado no seio do Governo pela referida entrevista, Silva Pereira quer fazer uma surpresa agradável ao fiscalista e só no momento de embarque, quando já não houver hipótese de este recusar, é que revelará que o cruzeiro será a bordo dum luxuoso porta-contentores de pavilhão panamiano, dispondo Medina Carreira de sumptuosas acomodações no porão, num cubículo junto à casa das máquinas…

Silêncio!

Chiu! Leiam em voz baixa e não façam barulho porque o menino ainda está a dormir. É que ontem, depois da entrevista de Medina Carreira à SIC, Zé Chócrates ficou com tal azia que só conseguiu adormecer depois de tomar três pastilhas Rennie e cinco calmantes. Mas antes ainda andou a telefonar a várias pessoas a inquirir se a delegação das FARC que vem à Festa do Avante não pode raptar o fiscalista e escondê-lo na selva colombiana durante sessenta e seis anos…

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Carpideira de serviço

Quando Dias Loureiro, na cerimónia de apresentação da imprescindível obra “Chócrates – o menino de ouro do PS”, se confessou emocionado, vozes maldizentes acusaram-no de estar a “puxar o lustro” ao primeiro-ministro e chegaram a augurar-lhe um futuro bem lustroso como engraxador no Rossio. O Chocrático, todavia, apurou que Dias Loureiro já se tinha comovido na apresentação do livro de Carolina Salgado e, mais ainda, que tinha vertido algumas lágrimas na apresentação do último livro do “Harry Potter”. Temos homem!

Uma tirada do menino (2)

O Chocrático, na sua laboriosa missão de prestar um serviço público, oferece aos seus leitores mais uma passagem do best-seller “Chócrates – o menino de ouro do PS”. Venha ela:“Uma noite destas estava em casa, afundado no sofá na companhia do meu copinho de leite morninho, e enquanto ouvia o Tony Carreira que cantava aquela canção ‘Sonhos de Menino’ pus-me a recordar os meus sonhos. Lembrei-me de ser mais novo e gostar muito do filme ‘Robin dos Bosques’, especialmente a versão da Disney, que tinha as raposas e o tigre. Lembro-me como se fosse hoje que sonhava em ser o herói do filme, de espada em punho, a defender os oprimidos. Foi talvez por isso que, mais tarde, pratiquei esgrima, e voltei a ter os mesmos sonhos de menino. E ainda nessa altura continuava a ver-me como o grande defensor dos perseguidos, escondido na floresta e sempre pronto a atacar aqueles que procuravam saquear os desgraçados dos cobradores de impostos com o intuito de distribuir o dinheiro pelos pobres. E imaginava-me como um esbelto xerife de Nottingham com fato Armani, impondo a ordem nas florestas, zelando para que os impostos fossem total e devidamente cobrados e entregues às finanças do reino, nem que para isso tivessem de ser espremidos os aldeões magricelas que berravam já viver na pobreza. Mas o melhor era quando eu me imaginava a esgrimir com o Robin dos Bosques, um tipo grosseiro e com pouca instrução, com cara de Francisco Louçã, e que se dedicava a perseguir os coitados dos cobradores de impostos, que apenas cumpriam a sua missão – é que levava tantas que fugia a correr para os braços duma aldeã famélica. No meu sonho eu tinha um ajudante de xerife igualzinho a mim, o Peter Silva Pereira, que durante os duelos me ia dando umas instruções preciosas em voz baixa – ataca ali, passa-lhe uma rasteira agora, dá-lhe já que ele ainda está a desembainhar a espada – e assim eu conseguia vencer sempre. O mais curioso é que o destino me levou a ser o paladino dos oprimidos e ainda hoje defendo, não com a espada mas com legislação, o pagamento de impostos pelos cidadãos deste país, especialmente os mais pobres porque são em maior quantidade que os ricos”.

Pobres e remediados

O Chocrático encontrou o ministro das Finanças na Praça do Comércio a dar milho transgénico aos pombos, e questionou-o sobre as notícias recentes que davam conta que em 2006 apenas 40 mil agregados familiares apresentaram rendimentos superiores a 100 mil euros. Eis a sua resposta: “Você acha que são poucos? Pois saiba que são muito menos, contam-se pelos dedos de uma das mãos. O que houve foi muitos contribuintes que exageraram nos rendimentos, ou porque não sabem fazer contas ou porque querem impressionar os familiares ou os vizinhos… Posso até adiantar-lhe que apenas o José Mourinho e o Vale e Azevedo têm rendimentos superiores a 100 mil euros anuais. Nem sequer o Belmiro de Azevedo e o Joe Berardo ou mesmo o Cristiano Ronaldo têm rendimentos dessa ordem, porque têm muitas despesas. Mas fique sabendo que o Fisco vai devolver dinheiro a esses contribuintes que não preencheram correctamente a declaração de IRS”. Interrogado sobre o número tão reduzido de portugueses com rendimentos elevados, o ministro acrescentou: “A verdade é que a crise - a externa porque a interna já foi resolvida pelo nosso primeiro-ministro - está a afectar todos os portugueses. Veja lá que ainda ontem estive a almoçar com o Vítor Constâncio e ele confidenciou-me que para comprar um televisor LCD teve de pedir um crédito em 36 prestações… E é um LCD dos pequenos!”.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Uma tirada do menino

O Chocrático, numa perspectiva de serviço público, oferece aos seus leitores uma passagem da já incontornável obra “Chócrates – o menino de ouro do PS” em que é abordada a vida privada do ilustre estadista. Passemos, então, às palavras de Zé Chócrates para a autora dessa obra de referência do século XXI:
“Quando o presidente francês Sarkozy assumiu a sua relação com a cantora e ex-modelo Carla Bruni achei que eu próprio podia ter uma relação do mesmo tipo. Afinal de contas eu, como grande impulsionador do Tratado de Lisboa, sou um governante com maior peso na União Europeia do que ele e, mais que isso, sou mais bonito e trajo fatos melhores que os dele, por isso encetei uma relação com uma das cantoras mais importantes e representativas do panorama musical português, a Ruth Marlene. Essa relação, infelizmente, durou apenas vinte minutos, não porque ela não me desejasse ardentemente, mas por incompatibilidades de horários – ela gosta de sair à noite e de se deitar tarde e eu às nove da noite já estou de roupão e chinelos a beber um copinho de leite morninho para me ir deitar. Mas ainda tenho esperança na Ana Malhoa, que é muito caseirinha e até faz mais o meu género”.

Alta velocidade no IC19

A propósito da instalação de radares no IC19 e tendo presente as condições de tráfego habituais naquela via – devagar, devagarinho ou parado – o Chocrático foi ouvir o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que refutou liminarmente a hipótese dos radares não detectarem ninguém em excesso de velocidade: “Os radares do IC19 não vão permitir recuperar o investimento? Jamé! Os limites de velocidade é que vão ser alterados, por isso os aceleras que se ponham a pau! Vamos instalar dois radares cujo limite de velocidade é de 3 km/h e os restantes oferecem uma coima a quem circular com uma velocidade superior à da recuperação da economia nacional”.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O meu menino é de ouro (4)

O Chocrático saiu à rua e ouviu algumas opiniões sobre a biografia “Chócrates – o menino de ouro do PS”:

Jerónimo de Sousa: quem duvidasse que Chócrates está ao serviço do capitalismo, fica totalmente elucidado com o título do livro – menino de OURO...

Manuela Ferreira Leite: leio-o à noite para adormecer o meu neto, que sempre gostou muito do Harry Potter e de histórias imaginárias.

Manoel de Oliveira: gostei muito porque me fez lembrar alguns personagens do Aniki Bóbó. Estou a pensar fazer um filme usando o livro como argumento mas para concorrer ao festival de Cannes e para não ser muito diferente dos meus filmes anteriores, tenho de dar um pouco mais de acção e de movimento à história.

Ana Drago (com um beijinho do Chocrático para a deputada do BE): comprei dois exemplares e tornaram-se os meus livros de mesa-de-cabeceira – como era uma mesa muito baixinha, coloquei-a sobre os livros e agora está com a altura ideal. É um livro realmente útil.

Maria de Lurdes Rodrigues: no próximo ano lectivo esta biografia irá substituir Camões e Pessoa nos programas de Português do ensino secundário. Trata-se de uma obra épica sobre um herói dos nossos tempos, uma obra ao nível da Eneida e da Ilíada - pelo menos foi o que ouvir dizer, porque eu não conheço estas duas senhoras gregas.

Ana Jorge: a biografia do nosso primeiro-ministro é um sucesso! Distribuímos exemplares a todos os utentes da urgência do hospital Amadora Sintra e há quem goste tanto do livro que o lê duas ou três vezes seguidas enquanto espera para ser atendido.

José Mourinho: li este livro e humildemente reconheço que se há alguém que mereça o título de “special one” é Zé Chócrates, porque ele é verdadeiramente grandioso. Agora peço imensa desculpa aos senhores porque tenho uma consulta marcada com o meu psicólogo…


José Eduardo Moniz: a TVI já comprou os direitos deste “best-seller” e vai fazer uma telenovela com 782 episódios. Como de costume, o título da novela será o mesmo de uma música portuguesa que servirá também de banda sonora e, para esta novela, só pode ser um tema do Tony Carreira. É que embora a biografia se debruce sobre o passado e o presente de Zé Chócrates, a telenovela também olhará para o futuro, por isso vai intitular-se “Depois de ti mais nada”.

O meu menino é de ouro (3)

Zé Chócrates enviou para os chefes do Governo de todos os países da União Europeia um exemplar autografado da sua biografia “Chócrates – o menino de ouro do PS” com um cartãozinho onde escreveu: “Não ofereço a versão inglesa, que eu próprio estou a traduzir, porque está um pouco atrasada - é que tenho tido alguma dificuldade com a tradução dos termos técnicos”.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O meu menino é de ouro (2)

Hoje os jornais de distribuição gratuita – Destak, Global, Meia Hora e Metro – ofereciam um exemplar do best-seller “Chócrates – o menino de ouro do PS”. Durante a manhã foi possível encontrar numerosos livros com a biografia do primeiro-ministro no chão porque, como de costume, muitos dos leitores deitaram para o lixo a publicidade que acompanha esses jornais.

O meu menino é de ouro

Dias Loureiro, antigo ministro do governo PSD, declarou-se emocionado com a biografia “Chócrates – o menino de ouro do PS” durante a apresentação pública desta obra, tendo confessado ao Chocrático: “Não me lembro de nenhum livro que me deixasse tão emocionado como este. Nem ‘As palavras que nunca te direi’ me fizeram chorar tanto. Foi uma experiência transcendente que mexeu muito comigo e que me fez lembrar um outro momento pungente da minha vida, quando vi o ‘Titanic’ e chorei baba e ranho na cena em que o Leonardo di Caprio morre congelado nos braços da sua amada”.